sexta-feira, 19 de junho de 2009

Felicia, de Botticelli



Pensava nela como se pensa no nascimento da Vênus, de Botticelli. Algo ruivo e inatingível, a pele tão clara de doer sem óculos. Como uma aparição divina, surgia no silêncio e enchia tudo de música. A voz, o farfalhar dos panos sintéticos, o bater impiedoso do salto pesado. Pisava como se gritasse "estou aqui" e mesmo um tapete de algodão doce tinha o eco dos corredores de hospital. Eu ali, com a expressão cansada dos anêmicos, sonhava ser um dia um átomo do que ela era.

Não era inveja, nem medo. Um pouco de curiosidade talvez. E muito, muito desejo. Mas isso eu só soube depois. Antes, a cena vinha bege como o cardigã da diretora da escola. Bege feito um peido embalsamado, sem luz nem emoção. Como só um bege sabe ser. Aos poucos, porém, as cores tingiam as imagens que eu invocava no escuro de depois das 10 da noite, no quarto em que eu sozinha conciliava o sono com dificuldade, fumava escondido e descobria prazeres com a alma pesada de culpa. As cores dela, nuances vermelhos, primárias todas e nenhuma fria. Até o azul era aquecido, naquele tom dos céus de brigadeiro.

Na escola, ela chegou depois de todas. Ano adentro, veio a freira principal - aquela para quem todas levantam quando chega - e disse: Felicia acaba de chegar à cidade e vai estudar com vocês. Felicia de cachos ruivos, olhos brilhantes e uma boca que ela insistia em lamber antes de falar. Lábios úmidos, excessivos, que me faziam pensar bobagens proibidas. A boca de Felicia lembrava um número, que virando e desvirando é sempre igual. Um número gêmeo, tipo dois fetos numa mesma barriga. E que fazia ruborizar minhas tias. Mas o porquê disso eu soube depois.

Todos os dias, Felicia existia, e eu observava. Fazia amigos como quem vai à feira e enche a sacola de tomates. Pisava com aquele saltão e a corte se curvava em reverência. Não era mais velha, nem mais inteligente e - tenho quase certeza - não era mais rica. Mas tinha um jeito, uma maneira, um saber fazer inexplicável que deixava as gurias da oitava B e os guris do primeiro A com o queixo tremendo e as mãos suando. E o que mais me intrigava é que ela nem precisava rebolar para isso. Felicia existia, e eu observava de longe. Esquadrinhava, analisava, fazia cálculos. Sutiã 42, mas quase pedindo um 44. Calça 38 ali, espremida. Pés 36, quem sabe. A alma dela é que eu não podia saber o número, mas arriscava a cor. A alma de Felicia devia ser o reflexo de um prisma ao sol. Como o arco-íris que surgia depois daquela chuva de verão.

Depois de alguns meses, quando eu pensava ser Felicia uma obsessão ou uma estátua de mármore italiano, eu tive a visão que um mortal jamais pensou ter. No vestiário da escola, vazio porque há 10 minutos a aula de educação física começara, eu vi a Vênus.
Atrasada como eu, talvez cinco minutos a menos, Felicia perdera a chamada e decidira ficar por ali mesmo, à espera da próxima aula. Ela fumava sem medo das freiras, sem medo de nada. Tragava devagar e soprava fazendo rodinhas no ar. Nua, ou quase, ela estava espalhada no banco de madeira entre os armários - e na hora pensei que ninguém ouviria o pisar das botas. Aquele ser divino e branco tinha seios esculpidos pelo mais perfeito dos artistas. E um ventre de fazer inveja a um fio de prumo. Usava calcinhas vermelhas cavadas, rendadas e dadas a toda imaginação. Oferecia pernas roliças, tornozelos sem máculas e aqueles pés que diziam "estou aqui".

Tremi, vergonha e surpresa presas na garganta embolaram o "oi" que saiu como um "me desculpe". Pensei em sair rápido, mas ela sorriu com os olhos, daquele jeito que não precisa mover os lábios, nem os grandes, nem os pequenos, só um pouco da sobrancelha arqueando. O branco imenso do vestiário como testemunha silenciosa, ao longe o risinho histérico das meninas, mas tudo o que eu podia ouvir era o meu coração acelerado, fazia tanto barulho que eu tinha pânico de Felicia ouvir.

Aí, ela falou. Com aquela voz de música, um pouco rouca como quando se atende o telefone ao acordar de ressaca, um sussurro pecaminoso - e não sei por que eu pensava nessas coisas quando olhava pra ela. "Você também se atrasou, dá um pega aqui", ofereceu o cigarro na segundinha. Pensei dizer "não fumo" porque era verdade, mas peguei e traguei e tossi do jeito que os tuberculosos tossiram na Santa Casa quando as freiras nos levaram visitar. Ela riu, mas não com deboche, só riu parecendo a mãe que ri complacente do filho que dá o primeiro passinho e cai sentado. "Vem que eu te ensino". E tragou, respirou pela boca e a fumaça sumiu por segundos, aparecendo de novo num rolo cor-de-fantasma. Juro que não quis, mas nessa hora, nesse segundo eu olhei os seios dela e reparei que eles eram enfeitados por rosas abertas e não em botão. Rosas cheias de pétalas, de uma cor suave, e de novo pensei bobagens e senti um calor estranho um pouco abaixo da cintura, como se quisesse fazer xixi. Mas não era, só que isso eu soube depois.

Contava os minutos para que chegasse o escuro de depois das 10, quando eu fecharia os olhos e pensaria nela. Pensar eu podia, ninguém podia saber. Só que pensar era pouco, eu precisava de mais e isso me fazia lembrar o Galego do bar da Zana, que pedia mais uma e a Zana dizia chega.

Uma manhã, perto da aula de educação física, respirei fundo e falei: preciso te contar um segredo, Felicia. Vamos no vestiário durante a aula. E ela fez cara de espanto, mas foi. Lá, no silêncio branco, ela parada em pé com os olhos curiosos e a boca muda, os lábios aqueles de tantos que são, pensei "azar" e disse: "Você já beijou alguém?" Diante do quase riso dela, do jeito sábio, quase desmaio e emendo "na boca, com língua". Foi aí que tudo o que eu precisava saber eu soube. Tipo fada, ninfa, Vênus, ela chegou tão perto que senti o cheirinho do xampu e me tomou de leve e me pousou a boca de muitos lábios, primeiro como um pássaro novinho pousa num telhado desconhecido, depois como um morcego invade o quarto de uma virgem pagã. Uma viagem longa, descrever é complicado, mas até hoje eu tento e cada vez é diferente. Tinha música, cores e um gosto de babaloo de uva. Foi tudo tão rápido, do beijo para o resto, que a sensação de fazer xixi se fez molhada mas sem xixi de verdade, era um quente em ondas enquanto ela tirava a minha blusa e a dela e a gente se abraçava numa só, o jeans descendo fácil e os pêlos dela ásperos contra os meus. Na hora não pensei em pecado, nem proibido, só que estava bom e que eu queria mais como o Galego no bar da Zana. Imaginei que meus olhos tinham a velocidade da luz quando vi, num raio, que os lábios outros de Felicia tinham pêlos cor de fogo e formavam um triângulo quadrilátero. Talvez por isso eu ardesse tanto, eu queimasse sem sofrer, eu pedisse só mais uma dose. Ouvi quando ela suspirou, esperta para que ninguém ouvisse, apenas suspirou. Eu, meus líquidos dos prazeres que pesavam na alma escorrendo pelas pernas, ainda me sentia o Galego precisando de mais. Depois do suspiro, Felicia parou. Vestiu-se depressa e nem viu que eu estava ali, com minhas rosas nunca mais em botão e meus lábios todos querendo dizer tanto... Hoje eu já sei por quê.

* Texto maravilhosamente e excitantemente cedido pela minha querida amiga Chuchi Silva

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Três passos para uma masoquista sem rumo

Passo 1:


Ela fugia. Não sabia do quê, mas tinha dentro do âmago de sua alma a certeza que precisava fugir. Veio do meio do país, lá onde o Governo brinca com nossos destinos. Era doce, de olhos expressivos e boca carnuda. Gostava de sentir na carne o estalar dos dedos e do couro. A dor era sua rendenção. Para ela, tudo era dor, num misto de prazer e fatalidade. Acreditava que a liberdade aprisionava sua alma. Buscava um dono, uma dona... ou ambos...

Na cidade da magia, tudo parecia perfeito, menos a garota de olhos tristes que não conseguia encontrar a alma que a acorrentaria. Meses se passaram, caminhos se cruzaram e numa mesa de bar, diante dos amigos de tempos e práticas, ela sentou na minha frente, fitando-me com admiração e curiosidade.

- Finalmente te conheço pessoalmente. A famosa Lady Vulgata... És muito falada por todos!
- O prazer é meu. Falada? Espero que bem... ou não...kkkkkkkkkkkkk
- Sim, os ditos são os melhores possíveis, o que me fez ficar muito curiosa em te ver
- Hummmmm

Pisquei pra ela e senti que poderia ganhar terreno. Nunca tive uma sub, embora já tivesse feito sessões conjuntas na presença de escravas de outros doms amigos meus. Não me intitulo bissexual porque nunca desenvolvi sentimentos mais profundos por alguma mulher. Algumas, de tipos bem específicos (ousadia, inteligência e atitude), me despertaram tesão e com poucas tive algum contato mais caliente.

Mas não deixo de admirar as mulheres. Sou uma delas com muito orgulho. No geral, somos fortes, versáteis, espertas e sensíveis, além de sabermos explorar muito bem a incrível necessidade que o ser masculino tem de ser o centro das histórias.

Pois bem, depois de algum tempo passado, resolvi entrar em contato com a moça. Alguns recados no orkut, interações no FetLife, conversas no msn e...

- Sabia que te acho uma delícia e me coça as mãos de vontade de te dar uns tapas?
- Nossa, que é isso? Será que deus vai ser bom comigo a esse ponto?
- Depende. Pode ser deus ou o diabo. Ou ambos, já que o prazer faz parte da vida. Quero você, menina!
- Quando? Quero ser tua cadela, Mistress
- Antes, tens que aceitar uma condição posterior
- Faço qualquer coisa pra sentir o peso da tua mão
- Farei uma sessão contigo e te matarei de prazer, mas depois terás que participar de uma sessão conjunta com meu sub
- Como ele é?
- Confia em mim! Se quer que eu seja tua domme, tens que confiar que sei o que é melhor pra ti. Mas não se preocupe, Monstrinho é um apelido carinhoso
- Confio... cegamente
- De brinde para teu deleite: ele é lindo!

Sucessões de elogios e rasgações de seda, que em nada contribuiríam neste post, se seguiram. Combinamos que a sessão apenas com nós duas seria em breve e a com ele dependeria de casar as agendas dos três. Mesmo assim, aconteceria em no máximo um mês.

No dia marcado, pedi que ela fosse com uma saia ou vestido curtinho. Marcamos num bar popular no circuito underground da cidade. Ela obedeceu e estava impecável, usando uma gargantilha que imitava uma coleira. Olhos bem marcados pela maquiagem e boca vermelha.

Cheguei causativa, como sempre, porém mais simples do que costumava me apresentar. Vestido pelos joelhos, botas de cano longo pretas, maquiagem mais leve e alguns acessórios no pescoço, orelhas e mãos. A boca, como sempre quando queria impressionar, estava carmin.

Sentamos, nos olhamos um pouco, pedimos uma bebida, conversamos amenidades e eu me aproximei, colocando a mão entre suas coxas. A pele gelada denunciava o nervosismo, mas os músculos a traíram, apertando minha mão com força. Puxei seu pescoço por trás dos cabelos perfumados e a beijei com toda paixão que conseguia demonstrar por uma alma disposta a me dar prazer.

Beijo longo, delicado e delicioso. Os amassos se seguiram, mais e mais quentes. Terminamos o drink em meio a um beijo e outro. Sussurrei no seu ouvido: "agora quero ver o que a cadela sabe fazer". Ela me olhou com uma expressão frágil e maliciosa, que fez subir minha temperatura e molhar minha calcinha. Puxei-a pela mão, pagamos a conta e saímos no meu carro.

Como de costume, não a levei para minha casa porque esta honra só concedo aos que ultrapassaram a barreira da confiabilidade básica e provaram que são bons. Em direção à SC-401, as mãos não tinham posição sobre suas coxas. Dirigindo percebi o desconforto e puxei a mão esquerda dela para meus seios. Rapidamente ela entendeu o que deveria fazer e começou a me bolinar. Minha calcinha já estava molhada, quando ela ergueu meu vestido e descobriu o caminho para me enlouquecer de vez. Os 10 km restantes foram de tortura para esta domme que tentava se concentrar na estrada sem muito sucesso.

No motel, quase todas as suítes ocupadas. Pedi a primeira que vagasse e entrei. Coloquei o carro de qualquer jeito na vaga e sequer baixei a porta da garagem. Tive tempo de pegar minha bolsa onde estavam meus "brinquedinhos". Subimos as escadas do motel nos agarrando e arrancando as roupas.

Perto da pilastra onde a amarraria, já havia deixado a doce masoca sem roupas, só de calcinha; um minúsculo fio dental enterrado naquelas carnes firmes e extremamente alvas, que logo logo ficariam vermelhas de prazer...

Continua...

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Minha vadia agora com registro



Meu Monstrinho, este é apenas um símbolo do nosso vínculo. Agora oficialmente me pertences, já que há tempos de alma já me pertencias...

terça-feira, 16 de junho de 2009

Como pimenta para vanilla


Em homenagem à deliciosa matéria-prima que recebi hoje no almoço, segue o conto:

Perto do almoço, o estômago toma conta de qualquer pensamento, ao menos que alguém ou um telefonema desvie a atenção...

- Ooooi
- Olá
- Podes falar?
- Só um minuto... Posso, fala meu tesão!
- Delícia, quero te ver agora
- Mas não pode ser de tardinha, como sempre?
- Não porque tenho aula mais tarde e tô com vontade de te devorar
- Certo. Passo no teu trabalho em 20 minutos, mas não vamos ter tempo de almoçar
- Quem precisa de comida quando se alimenta de hedonismo?
- Safada. Beijo.
- Te espero.

O volume nas calças superou qualquer fome. Precisava ligar para minha esposa no caminho e inventar uma boa desculpa.

- Amor, não dá pra gente se encontrar no almoço. Tenho cliente pra atender lá em Forqueta
- Nossa. Tá bom. Pena. Fazer o quê?
- Beijo. De noite a gente janta juntinhos e depois eu te como gostoso
- (risadinha) Beijo, meu amor

Karina era uma moça bonita, seios fartos, olhos expressivos e uma devoradora de pau. Tinha namorado, mas o cara não a comia direito, essa era minha suspeita. Talvez fosse uma ninfomaníaca, mas isso pouco me interessava. O tesão dela era o combustível dos nossos encontros esporádicos e deliciosos.

Corri para o carro, saí do trabalho dizendo que voltaria logo. Essas burocracias de estacionamento de empresas...
Em menos de 10 minutos encostei em frente ao shopping onde ela trabalha. Lá estava aquela delícia me esperando com a bolsa a tira-colo.
Entrou no carro sem me olhar direito. Esse era o combinado. Andei umas duas quadras até uma rua mais deserta e reduzi, sabendo que ganharia pelo menos um tranco.

Ah, aquela mão, que de boba não tinha nada, rapidamente achou meu pau quase saindo pra fora das calças. Me cobriu de beijos molhados e safados, sussurrando palavras pérfidas no meu ouvido direito.

- Me leve pra onde quiser, meu bem. Quero te foder como só uma boa puta faz: rápido e com muito prazer!
- Você é quem manda

Segui para um parque famoso aqui na cidade também por ser um local mais deserto e ponto de fodas rápidas de safados comprometidos como eu e ela. Estacionei na rua de descida, em frente a um templo massônico, unindo o sagrado ao profano. Era muito frio, chovia e fazia uma cerração fechada. Apesar da temparatura baixa, o clima era perfeito para esconder a trepada diurna em local público. Mal parei, a doida abriu o zíper da minha calça apenas o suficiente para que meu pau ficasse confortavelmente "cavalgável", baixou o banco do carona, mandou que eu trocasse de lugar. Ergueu a blusa para que eu chupasse seus peitos e começou a me comer.

Poucas vezes na minha vida fui comido com tanta rapidez, voracidade e prazer. Essa mulher gemia e apertava meu pau com a buceta de uma forma maluca, indescritível. Quem passava na calçada, com certeza estranhava os pulos do carro. E a gente se fudendo (literalmente) pros olhares alheios. Quanto mais ela rebolava no meu pau, mais eu mordia seus peitos e mais ela gemia. Não deve ter demorado mais do que cinco minutos pra nós dois gozarmos alucianadamente. Se não estivesse de camisinha, a porra teria furado o teto do meu carro, tamanho o meu tesão.

Exaustos, eu de pau mole, ela suada, arrumamos os cabelos, ajeitamos a roupa, trocamos de lugar no carro e voltamos pras nossas rotinas de bons trabalhadores. E eu ainda teria que ter um bom desempenho à noite...


Nada como a pimenta, mesmo quando o ingrediente principal é a baunilha. ;-)

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Minha Sissi


Há várias maneiras de uma Rainha se sentir plena. No meu caso, uma das mais gratificantes e excitantes é ver o esforço do sub em se tornar uma dama, com gestos e atitudes delicadas. Vai muito além das roupas e acessórios. Passa por comportamentos e modo de raciocinar a cena.

Ser uma verdadeira mulher é uma arte e é esse o esforço que tenho feito: treinar meu Monstrinho para ser minha dama. Não pretendo sair com ele "montado", muito menos pretendo que fique efeminado. Trata-se da arte da percepção do que é um ser feminino na essência.

Dez horas da manhã e eu já estava atrasada. Tinha que passar em casa e pegar uns documentos para levar aos Correios. Depois voltaria, almoçaria, tomaria um banho e retornaria ao trabalho com mil e uma reuniões e compromissos agendados até o final do dia. Quando abro a porta, uma surpresa. Vejo uma mochila familiar no canto do sofá. Imediatamente a pressa deu lugar à imaginação, tão fértil quando o assunto é perversão.

Com uma minissaia curtíssima, uma blusinha colada, meias com cinta-liga e um salto relativamente alto, lá estava ele arrumando minha cama. O cabelo estava preso em tranças bem feitas com fita de cetim, assim como a barba estava impecavelmente aparada. Até o perfume foi diabolicamente escolhido por ele para me deixar fora de órbita. Era incrível como ele sabia cada caminho da minha libido. Em segundos eu estava com as mãos nas coxas dele, sem pronunciar palavra, numa voracidade de dar inveja aos garanhões.

- Que pretendes? Não havíamos combinado no fim de semana?
- Sim, mas minha vontade de me tornar sua putinha foi tão grande que resolvi usar a chave que me destes de presente para te agradar.
- Estás uma delícia, vadia. Tenho ímpetos de arrancar tua roupa e te comer, perdendo o juízo e meus compromissos. Mas tenho que sair e é agora.
- Não vai almoçar comigo? (os olhos marejaram)
- Volto e quero o almoço servido. Rapidamente vou comer e tomar um banho antes de retornar ao trabalho.
- Farei tudo como mandou, Rainha!

Saí com a convicação de que meu dia estava decididamente perturbado. Além de tudo que eu tinha a fazer, a idéia de enrabar aquela vadia não sairia da minha cabeça. Despachei os documentos e voltei em transe dirigindo. Se algo dependesse da minha atenção naquele trajeto, certamente estaria fadado ao fracasso. Um misto de tesão, provocação e impotência tomava conta de mim. Eu sabia que não poderia nem deveria comê-lo porque dependia de mim seu treinamento. Se assim o fizesse, perderia a chance de mostrar a ele certas nuances de ser mulher. Quase numa mentalização forçada, estacionei o carro e subi as escadas dizendo "ommmmmmm" pra mim mesma a fim de evitar meus impulsos.

Abri a porta, coloquei minha bolsa sobre o sofá e me dirigi à cozinha. Tudo estava arrumado e pronto. O cheiro era ótimo e a fome já me consumia. Rapidamente ele saiu do quarto e veio até a cozinha me servir. Fez com maestria de uma empregada experiente, observando meu olhar sobre a comida e a arrumação da mesa. Ficou de pé um instante. Mandei que sentasse e comesse comigo, elogiando a comida de forma seca, apenas para satisfazer a necessidade teatral masculina de educação.

Ele agradeceu e sentou-se ao meu lado, servindo-se pouco. Comemos em silêncio. Uma tensão no ar. Eu me contendo para permanecer séria, sóbria, com limites. Terminamos. Ele retirou os pratos e se preparava para lavar a louça. O chamei na sala, dei-lhe um beijo suave, nada erótico, pedindo que preparasse minhas roupas. Precisava de um banho (agora, creio, frio...) e não tinha tempo para procurar, muito menos passar nada.

Um tanto decepcionado (isso só pode ser captado por uma alma feminina), baixou a cabeça diante do beijo frio e da ordem seca. Não sei se ele pôde perceber, mas naquele momento a primeira lição se materializou...

Cumpriu a ordem com esmero, assim como meu banho foi realmente frio em todos os sentidos. Eu sabia que aquilo era necessário, porém me doía fazê-lo perceber primeiro a parte ruim em ser mulher, para depois lhe mostrar a magia de uma vida sensível. Felizmente, estava lidando com alguém impressionamente habilidoso nas metamorfoses da vida. Eu mesma não me sentia capaz daquela forma.

Saí do banho, as roupas estavam prontas. Vesti tudo rapidamente, observada pelo olhar malicioso da minha Sissi querida.

- Quando eu voltar, em quatro horas, quero tudo limpo, inclusive meus sapatos.
- Sim senhora!

Não percebi, mas no bolso do meu casaco havia um bilhete, só percebido ao chegar no trabalho, quando busquei minhas chaves e celular. Nele dizia:

- Rainha, não pude deixar de perceber o quanto és bela, mesmo se esforçando para parecer que não me desejas. Estou tentando ser a fêmea perfeita: sensual, puta na cama; serviçal e eficiente; sensível e observadora. Espero que tenha apreciado minha surpresa e que não deixe de lado o que mais gosto em ti: a voracidade!

O ordinário sabia me provocar. Nunca quatro horas demoraram tanto para passar... mas passaram... e o que veio a seguir? Merece outro post...

domingo, 14 de junho de 2009

Ilusão concedida


Toda mulher quer ser única para seu homem, seja ele seu namorado, marido, escravo, amante... ou tudo junto! Mais do que fidelidade, no fundo da alma, todas elas esperam a satisfação do ego em ser especial, ser única, sentir-se singular, numa ilusão concedida...


Era tarde. Noite gelada. A comida estava pronta, os amigos bebendo vinho e todos os pratos à mesa. O celular teimava em não tocar. Incontinente em sua ansiedade, ela sai escada abaixo rumo ao carro. Sim, ele já deveria ter chegado!
Ao entrar no carro, o tão esperado toque do telefone e a notícia mais que esperada.
- Cheguei!
Mais do que depressa ela foi ao seu encontro. Era natural que preparasse tudo com certa antecedência e sempre tivesse um "coringa na manga" em caso de mudança de planos. Mas dessa vez ela sabia que os céus e os Exus (já que era dia deles) iriam conspirar a favor.

Lá estava ele, com seus longos cabelos e seu ar comportado de sempre. A travessura da aparência eram seus cabelos, volta e meia traídos pelos seus olhos verdes.

Ela o levou para seu antro, onde os amigos esperavam ansiosos, mais pela comida do que pela alegria da amiga ou pela curiosidade de contemplar o moço. Tudo parecia perfeito, mas o que ela queria mesmo era ficar a sós com ele. Adorava os amigos, porém aquele seria seu Valentine's Day torto e atrasado.

Concessões em excesso, ilusões malfadadas... de tudo aquilo ela estava acostumada a ser acusada. Só que esta era uma ilusão concedida. Era plena porque em seus braços se sentia única e Majestade!

As luzes foram desfocando, as pessoas se dissipando e o calor aumentando. Mostrou-lhe as calcinhas novas, dela e dele. Mandou que vestisse a mais rendada, fio dental. Não resistiu ao ver aquela bunda empinada com a calcinha totalmente enterrada. Era pedir demais que ela esperasse. Mordeu, deu algumas palmadas, imobilizou suas mãos nas costas e finalmente o possuiu, com toda pressa que uma Rainha sentimental tem, impulsionada pelo tesão acumulado.

Vestiu seu strap-ons, segurou suas ancas com firmeza e o penetrou, puxando seus cabelos em movimentos frenéticos. Mas o gozo só viria depois, quando ela entregou seus seios e seu sexo a ele. Mesmo com as mãos imobilizadas, fê-la chegar ao ápice sem tanto sacrifício na língua.

Noite afora se seguiu com mais e mais libido, mais e mais gemidos. Seriam mais notas eróticas num blog censurado pelos hipócritas. Porém, é assim que ela espera novamente o momento da ilusão concedida...