Vivenciar uma relação BDSM 24 horas, 7 dias da semana é o que muitos adeptos têm como o supra-sumo de uma relação entre dominador e submisso, por isso é escolhida a data 24/7 (leia-se vinte e quatro por sete). Uma relação assim significa que o (a) submisso (a) fica completamente à disposição da dominatrix (ou dominador). Em contrapartida, a domme (ou dom) precisa ampliar o seu repertório para que a prática não caia na rotina - assim como todo casal normal.
Na prática e em minha opinião, o BDSM 24/7 é utópico, mesmo nos moldes de consensualidade. Não porque seja crime, como alguns blogs publicaram hoje...(tsc tsc), mas porque somos bichos sociais e é impossível ter uma relação assim a não ser que convivamos apenas com praticantes do BDSM ou com pessoas completamente livres de preconceitos (o que, convenhamos, não seriam bem humanos, se assim fossem). Além disso, muitas relações BDSM plenas, como é o meu caso, possuem alguns impedimentos como tempo, estado civil e distância. E antes que atirem mil pedras na Mistress aqui, estou apenas sendo franca e expondo minha visão da coisa, com o mínimo de hipocrisia - proposta deste blog desde o início.
Sadomasoquistas não são menos nem mais do que ninguém, não são melhores ou piores, são diferentes, no sentido de serem diferenciados na sociedade que vivemos. A dita sociedade não compreende o que se passa na cabeça de alguém que gosta de apanhar ou que gosta de bater, e por isso, acaba pré-conceituando o sujeito de forma errônea. Por isso, muitos acabam escondendo seus fetiches, suas vontades sob calabouços e porões íntimos por temerem o fantasma do pensamento alheio.
E como é o dia do BDSM, com encontros nas principais capitais, muitos eventos e escritos, não poderia me furtar (nem permitir ao meu Montrinho que se furtasse) a dar os parabéns a todos aqueles que vivem o seu lado B sem medos. Todos passaram por períodos difíceis, com certeza nos questionamos em algum momento sobre nossa normalidade, sexualidade, etc; alguns ainda não tiveram o prazer de ter uma relação SM mais duradoura, onde a tão sonhada confiança e intimidade aconteça; mas certamente merecemos respeito e felicitações pela coragem de viver o fetiche, parte considerada obscura de nossas almas por alguns, mas que nos abre as portas para um "eu" real, sem máscaras (a não ser as que fazem parte da cena), sem pudores, sem condenação.
Sadomasoquistas do mundo usem desta data para mostrar a todos ao seu redor que existe muita coisa além do que conhecemos, de que não existe nada de errado em ter fetiches, ser masoquista ou sádico. Seja sério, sensato e deposite pitadas se curiosidades nas pessoas sobre o assunto; fale, viva, mostre o que realmente é e o que não é, desmistificando o assunto e quebrando tabus intrínsecos nas pessoas e as imagens distorcidas que a nossa anestesiante televisão mostra por muitas vezes.
Aceitem-se e vivam seus fetiches com todo o prazer que eles podem e devem proporcionar, seja no comando, seja na dor, seja em ambos. E faça com que esta data seja somente uma lembrança de velhos tempos e que logo, falar e praticar BDSM, Sadomasoquismo, Fetiche ou coisas assim seja tão normal quanto usar sapato.
*** Obrigada ao meu Monstrinho pela contribuição de idéias e letras...