A pobreza de espírito do ser humano faz com que criemos pré-conceitos, rótulos desnecessários que só atrasam os verdadeiros objetivos de quem se permite. Mas felizmente as histórias de nós mortais podem ter finais felizes.
Pois bem, vou contar uma fábula para vocês, bem ao estilo Vulgata...
Era uma vez uma mocinha de longas madeixas cor de ouro, rosto de boneca, jeito e voz de gata, corpo esculpido com generosidade pelos anjos. Não bastasse o visual impecável, o Olimpo a premiou com cultura e inteligência temperadas com personalidade forte, ideias próprias e pontos de vista bem definidos, tornando o conjunto de uma beleza ímpar.
Certo dia a deusa felina resolveu assumir seu lado B, o que incluía chicotes, cordas, prendedores, dominação e sadismo. Pronto! Estava tudo confuso no reino dos malvadinhos. Por ser tão linda, roubaram-lhe o direito de ser livre nos seus desejos. Esqueceram de perguntar à moça o que ela sentia e como sentia. Sua emoção era igual à de todos os demais malvadinhos do condado. Tinha sentimentos, anseios, desejos, erros e acertos. Mas seu ‘crime’ era ser bonita demais. Logo, teria que se conformar em ser apenas admirada. Viver era para os de aparência ‘normal’.
Porém, Olimpo e contos de fadas chegaram a um acordo e permitiram a um certo príncipe Pendurado que ultrapassasse a redoma e a libertasse do fardo de ser a bela inexperiente.
E desde então esta história tem sido escrita com muitos sorrisos, descobertas e prazeres para ambos e para aqueles que admiram a honestidade e a coerência dos quereres.
E como todo conto de fadas carrega uma moral, eis a da deusa felina e do príncipe consorte: quase tudo na vida passa – beleza, amores, empregos, dinheiro, algumas amizades... O que realmente fica são as lembranças, o aprendizado e a verdadeira emoção do que foi vivido intensamente!
O Mundo é assim. Uma constante mudança, metamorfose de sentimentos, brilhos, matizes com presença certamente inesquecível.