segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

20 anos de BDSM do meu mestre ACM

Em novembro passado, meu mestre ACM completou 20 anos de BDSM e eu publiquei no Fetlife um texto que agora reproduzo aqui:


"Quando a gente entra num mundo novo onde, embora curiosos e sedentos, nos sentimos inseguros, perdidos, quase desesperados por alguém que nos norteie, a figura do mestre, do mentor, do guia cumpre a função de um anjo de guarda, adestrando inclusive nossa percepção para separar o joio do trigo.
Para mim esse mestre atende pelas letras ACM. E hoje escrevo para falar dos 20 anos de BDSM no Brasil dessa figura que habita o imaginário de muitas pessoas no meio, antigas ou recém praticantes, e que encanta a todos que o conhecem melhor.
         E eu não poderia deixar de fazer um breve histórico do seu contato com esse lado underground da vida de cada um de nós. Lá pelos idos de 1990, Antonio, como eu gosto de chamá-lo, foi viver na Holanda, onde permaneceu por quase três anos. Uma das cidades mais liberais do mundo, Amsterdã, ofereceu muito ao Antonio em termos de aprendizado e vivências BDSM.
         De volta ao Brasil, em 1993 começou a participar das primeiras tentativas de se criar um grupo de estudos com temática BDSM. Como estava conhecendo algumas pessoas do meio, como Barbara Reine e os demais membros do grupo Nós SoMos, o entrosamento foi fácil e ele pode contribuir com suas vivências na Holanda.
O grupo Nós SoMos virou, então, um provedor de internet e se transformou em SoMos. Ao mesmo tempo, na organização de munchs e encontros sociais, idealizou o grupo BDSMer's que passou a realizar encontros semanais no Bar America de São Paulo ainda na década de 1990.
E como se não bastasse, ainda realizou workshops de bondage para o SoMos, participou das plays parties mais famosas e da inauguração do Clube Valhala no começo dos anos 2000. Na Cidade Maravilhosa, sua terra natal, ajudou a criar o grupo BDSM Rio.
         Desde 1997, filmou para a Harmoby Concepts como produtor independente até criar o site e produtora Bound Brazil em 2008, sendo agraciado com a premiação de terceiro melhor bondagista do mundo em 2012 por voto popular, entre outros prêmios que a produtora recebeu ao longo dos seus cinco anos de existência.
Enfim, isso só mostra parte da história deste homem repleto de experiências e testemunhos de todos os tipos aqui e fora do Brasil, no BDSM, no fetiche e fora deles. Um homem admirável, de caráter e condutas ilibados, com senso de humor refinado e cultura ímpar. Um amigo simples e prestativo; um mestre generoso; um bondagista de primeira linha; um encantador das palavras; um profundo conhecedor das artes bedessemistas, do fetiche e da alma humana; um cara pra lá de especial. A ti, amigo Antonio, Mestre ACM, meu muito obrigada por tanto, por tudo. Que sejam mais muitos anos de práticas onde possamos beber um pouco dessa tua fonte inesgotável de conhecimento, carinho e amizade.
Um beijo da discípula, amiga e admiradora Letícia - Lady Vulgata"


sábado, 28 de dezembro de 2013

Fetiches Vividos - Parte 1 - Podolatria

Na volta da atividade deste blog, apresento a série “Fetiches Vividos”. São textos em forma de descrições ou contos apresentados pelos meus dois submissos: Kurumin e Hybris.

Cada um vai descrever a seu modo a forma como vivencia ou imagina um tipo de fetiche determinado por mim semanalmente. Relatos fiéis e cotidianos, com o mínimo de cortes ou correções.

Espero que gostem. O primeiro texto é sobre podolatria, prática que aprecio e vivo há bastante tempo.

Kurumin diz:
Não sei se considero isso um fetiche. Para mim é uma prática que faz parte de qualquer relacionamento meu assim como beijar, andar de mãos dadas e transar. Não sei viver sem um bom pé para beijar. 



Comecei a gostar de pés antes de me entender como gente. Acredito que devo ter dado meus primeiros beijos em um pé mais ou menos aos 4 anos de idade. Depois disso nunca mais parei e todos os meus relacionamentos amorosos envolvem podolatria.

Atualmente estou tendo os pés da minha Rainha para adorar e acredito ser a combinação perfeita: uma mulher poderosa e de pés lindos, que saiba como colocar um capacho em seu lugar. Pés são sempre bons, mas quando vêm acompanhados dos reflexos de um longo de dia de trabalho, suor, chulé e uma ordem: '- Tire meus sapatos e adore meus pés', se tornam uma das melhores coisas do mundo.

Meu último fetiche relacionado a isso é conseguir beijar os pés de uma completa estranha, mesmo que essa estranha seja amiga da minha Dona.”


Hybris diz:
“Escrever já é difícil; falar sobre alguma prática ou fetiche que não me agrada muito é mais complicado ainda. Mas bom, o jeito é tentar.
Muitos me perguntam: gosta de fazer massagem? Por impulso costumo responder que sim, afinal quem não gosta de uma massagem nas costas? Grande engano, pedem-me para fazer nos pés. E como explicar a alguém que eu não gosto de encostar nos pés de outra pessoa e detesto mais ainda que encostem nos meus. Ainda não sei o motivo de ter tanta aflição em passar a mão e beijar os pés de alguém, mas de qualquer forma se isso me for imposto farei. 


Podolatria, adoração por pés, uma prática que eu dispensaria, e que não vejo muita graça, a não ser para quem goste (a maioria). Minha Dona gosta muito de um carinho e uma massagem em seus pés e como uma boa submissa devo agradá-la mais que a mim mesma. Passar uma semana fazendo carinhos e convivendo perto Dela mudaram algumas ideias, inclusive a de ver meu irmão de coleira adorar tanto aqueles pés. São bonitos, isso é fato. Na verdade são pés que eu não me importo de encostar. Faria uma massagem ou beijaria esses pés apenas para ver um sorriso e uma expressão de aprovação.
Um fetiche um tanto diferente (pelo menos pra mim). Como expliquei no começo, ainda não sei os motivos de não gostar, mas a cada dia me coloco prontamente para uma massagem, um beijo ou um carinho. Hoje me questiono o quão longe eu iria em relação a esse fetiche. Ainda não consigo colocar pés na boca, mas quem sabe daqui uns dias. Hoje me ponho a prova de querer agradar minha Dona Lady Vulgata, e posso dizer que são os primeiros e únicos pés que me agradam tanto. A sensação de estar se tornando aos poucos muito confortável, que me faz pensar muito; adoro essa sensação de que estou aos seus pés, e que por ela eu faria muitas coisas e abriria mão de outras mais para ver um sorriso.”

sexta-feira, 29 de março de 2013

Crueldade



                Deixar um amigo ir embora quando está triste, sem rumo. Ou pior, abandonar um amigo moribundo, doente da carne e do espírito porque ele se recusa a aceitar ajuda. Crueldade! Certo que é!
                Maltratar teu amor com palavras e gestos. Obrigar teu amor a presenciar cenas chocantes, expor cada pedacinho da sua alma à degradação. Bater no homem ou na mulher amada; ferir, deixar marcas no corpo, na emoção. Crueldade, óbvio!
                Punir a filha porque ela usou a maquiagem após ter falado mil vezes que ela não deveria se aproximar do que é fragilmente teu. Privar a menina de assistir televisão porque ela desprezou um presente, fazendo comparações com o que as colegas da escola possuem. Falar a verdade para seu filho acerca dos limites e deixar claro que não é porque tu és a mãe que ele pode se sentir dono de tudo que é teu ou terá trânsito livre na tua vida. Sentenças que arrancaram lágrimas, sofrimento. Ou seja, crueldade!
                Todas as situações descritas parecem axiomas de crueldade, mas na verdade dependem da ótica de quem observa porque, assim como o trajeto cotidiano, tudo depende de contexto. Prisma. Assim é o BDSM.
               
Ontem num bar tentava explicar a alguns amigos como é a minha relação com meu marido e como ele gosta de ser humilhado. Eu dava exemplos e ele tentava descrever suas sensações. A reação das pessoas: surpresa, perplexidade. Se qualquer deles presenciasse a cena sem contexto me acharia a mulher mais cruel do mundo. Porém, não estou fazendo nada além de agradá-lo.
                Amar muitas vezes é fugir do contexto, se arriscar pelo prisma de ambos, independente do julgamento do mundo lá fora.
                Assim com educo minha filha para ser livre, independente e diferente de mim se assim ela quiser, vivo meu amor de acordo com o nosso prisma, felizmente compartilhado por alguns poucos doidos que nos rodeiam e muitos outros que não compreendem. O que parece crueldade para a maioria pode ser o prazer da minoria. O que parece unanimidade no romantismo, para pessoas como eu pode soar como tormento.
                Por isso o respeito é tão importante. Porque nem tudo compreendemos e não quer dizer que esteja certo ou errado. Apenas é.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

A Rainha vai casar...


Quando encontramos alguém que realmente faça parte de tudo que diz respeito à nossa vida, este alguém merece um passo maior...

Hoje tenho um companheiro com quem posso trocar minhas mais íntimas confidências; meu cúmplice, meu amigo, meu laboratório. E é com ele que quero permanecer o resto de meus dias!