sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Janela indiscreta

Quando cheguei a Florianópolis, em 2007, morei num condomínio novo, desses projetos múltiplos tão comuns agora na Ilha. Duas torres e muita diversão. Uma inusitada eu descobri em algumas semanas... Havia um casal que gostava de exibir suas noites apimentadas nas janelas do seu apartamento. Devido à arquitetura do imóvel, ninguém conseguia detectar exatamente de que andar vinham os gemidos, mas a cada semana eles ficavam mais 'criativos' e intensos.

Eu me divertia com o prazer alheio, mas os puritanos de plantão reclamavam. Era começar a sessão de sexo e os interfones disparavam a tocar. Do 9° andar eu podia contemplar o coitado do porteiro dando voltas e voltas nas torres tentando achar os libertinos, sem sucesso. Na minha fantasia, eles se escondiam todas as vezes que alguém pudesse descobri-los cruamente. Uma vez até a polícia chamaram e, claro, nada pôde fazer!

Pois contei essa fábula da vida real ao meu digníssimo titular da vaga cardíaca atual. Coincidentemente ele mora no mesmo bairro onde vivi meu primeiro ano na capital catarinense. Da janela da sua sala é possível avistar as duas torres do condomínio onde o tórrido casal animou muitas das minhas noites. Ele mora no 5° andar e atrás do prédio há algumas casas com quintais visíveis, numa comunhão forçada de intimidades. O morrinho acentua essa 'invasão' imobiliária; já pude ver a vizinha trocando de roupa para entrar na piscina, já presenciei a moça atravessando a cozinha apenas de calcinha, assim como eles devem ter me visto fumando um cigarro, só de sutiã, escorada no parapeito da janela.

Não contente com essa intimidade, excitado com a minha história, veio da cozinha, onde preparava nosso jantar. Me abraçou longamente pelas costas. O vento batia de leve nos meus cabelos e senti 'alguém' animado. Delícia de sensação de desejo! Perguntei se o jantar estava pronto.

- Quase.
- Falta muito?
- Falta eu te comer

Silêncio e sorriso maroto.

- Como assim?
- Tu me deixou de pau duro com aquela história dos teus ex-vizinhos e eu quero o mesmo. Vamos divertir o prédio um pouco.

Quem se faria de rogada com uma proposta tão deliciosamente indecente? Eu? Jamé...

Me pus de costas de novo. Lentamente ele abaixou a minha calcinha, beijando e mordiscando as minhas costas. Afastei as pernas de leve, com a devida pressão que sentia na minha bunda. Sentindo que estava mais do que molhada, de uma vez só ele deu a primeira estocada. As duas mãos se apoiavam nos meus seios e eu não tinha outra alternativa senão segurar o parapeito da janela e gemer.



Não consigo fazer sexo sem gemer, ainda que baixinho. E era um momento de fetiche extremo, então nem me controlei. Em poucos minutos já havia alguns vizinhos das casas de trás observando a cena extasiados. Imagino que eles viam minha cara de satisfação, ouviam meus gemidos e apreciavam o balançar do meu corpo, ora suave, ora agressivo contra a janela. Embora não fosse possível que os espectadores vissem também meu amor me comendo, sabiam que havia alguém comigo pelos barulhos e porque ninguém poderia fingir daquela forma. A máxima do voyerismo...

O gozo veio simultâneo e intenso. Nos jogamos no tapete da sala e rimos, satisfeitos, exaustos, plenos de prazer.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

O prazer da inversão

Eis um dos mais polêmicos fetiches: a inversão. Mexe com as fantasias masculinas e femininas, independente da orientação sexual. Pira a cabeça dos machões de plantão, que não conseguem compreender como um homem “de verdade” sentiria prazer fazendo papel de “maricas”. Em contrapartida, muitos dos que já experimentaram lutam contra seus próprios preconceitos para se auto-convenceram de que não são viados.

Well, meus queridos, falarei da minha própria experiência – que não é modesta...


Mais de 90% dos homens com quem pratiquei a inversão são heterossexuais. Dos outros 10%, a maioria tem tendências bissexuais e uma porcentagem reduzidíssima é de fato gay! E por que o gay não curte inversão? Porque o que o atrai é o cheiro, a pele e a “pegada” masculina. Uma mulher que pratica inversão, por mais poderosa e/ou agressiva que seja, será sempre uma mulher, com cheiro, hábitos, pele e formas suaves. Logo, meus caros, livrem-se do fantasma da ‘boiolice’ ao pensarem nos seus desejos. Com todo respeito aos meus queridos amigos homossexuais, inversão é coisa pra macho!

Um dado que corrobora minha experiência é que frequentemente rola sexo convencional após a inversão. O homem fica mais excitado e quer devolver o prazer à mulher com a penetração. E mesmo na hora em que está sendo 'comido', ele curte o toque dos seios, dos cabelos e o perfume da mulher que o penetra.

Algumas pessoas riem de mim quando digo que é preciso ser muito homem para dar o cu. É verdade, gente! Assim como é preciso ser muito homem para namorar uma garota fora dos padrões e sair com ela de mãos dadas no shopping, ou assumir qualquer comportamento socialmente questionável, que vá contra os parâmetros aceitos por gentinha medíocre. Assumir o que se é, o que se gosta e como gosta é, infelizmente, privilégio de poucos. Admiro os homens que praticam a inversão porque vejo neles um rompimento de barreiras em nome do prazer.


Outro dado importante a ser ressaltado aos que se questionam e fantasiam sobre o tema é que ABSOLUTAMENTE TODOS OS HOMENS SENTEM PRAZER ANAL. Sim, podem me xingar, mais eis uma verdade fisiologicamente definitiva. Algumas mulheres também sentem prazer anal, mas muito mais pelas sensações psicológicas do ato do que na fisiologia do corpo humano. Já os homens possuem próstata que, quando estimulada, intensifica o prazer de forma considerável.

Alguns conselhos que posso dar aos homens que se permitirem experimentar é:

1. Procurar uma mulher que realmente goste de inversão, que sinta prazer em dar prazer ao seu homem e se sinta poderosa com o ato. Esta mulher não precisa ser uma dominatrix; pode ser sua própria esposa ou namorada. Basta que ela descubra a sensação de dominar a cena eventualmente no ato sexual.

2. Jamais force sua namorada ou esposa a fazer isso. Além de correr o risco de se machucar, porque ela pode fazer com raiva e trata-se de uma região delicada, você certamente causará um trauma sexual nela. Nem todas as mulheres curtem esse fetiche. Aliás, esse número ainda é reduzido. Estimo pelo que leio e vivo, que para 100 homens que curtem inversão, temos uma mulher que realmente goste da prática. Portanto, converse com sua parceira, tenha paciência com as possíveis barreiras que ela oferecer e saiba respeitar os gostos dela. Caso veja que realmente com ela não rolará, seja franco quanto à sua curiosidade e deixe claro que tentará uma sessão com uma domme ou outra moça que curta o fetiche.

3. Use bastante lubrificante e equipamentos adequados. O tradicional strap-ons ou ‘cinta-caralha’ apresenta muitos formatos, tamanhos e materiais. Sua parceira precisa estar confortável com o modelo. Sabemos que as sexshops nem sempre permitem que se prove o artefato, mas é prudente que o faça sempre que possível. Da mesma forma, cuidado com a escolha do dildo que deve ser preferencialmente de silicone, com uma anatomia que se adapte ao seu formato de prazer. Há homens que toleram dildos mais grossos, texturizados e mais longos, e há outros que prefiram tamanhos e grossuras mais modestas, assim como é com as mulheres e suas anatomias vaginais e anais. Como o objetivo é o prazer, vale testar vários tipos, até porque dildos não costumam ser muito caros e achar um que encaixe direitinho realmente vale a pena. Existe ainda a opção de strap-ons com duas aberturas, onde a mulher pode cololocar um plug que a penetre enquanto faz a inversão. Eu aprovei!

4. Se realmente optar por uma dominatrix, procure uma que tenha certa experiência na prática, além de acordar com ela o que será feito durante a sessão. Tenho algumas amigas que curtem, mas não fazem apenas isso; querem outras práticas associadas. Portanto, a menos que você também seja masoquista e/ou submisso, converse bem sobre os termos do encontro de vocês, seja ela profissional (que cobra para isso) ou não.

5. Se permita novos prazeres. Relaxe e curta a nova sensação. No começo sempre dói um pouco, mas depois eu garanto que será prazeroso. Fale sobre os possíveis desconfortos e posições e tudo fluirá a contento. Seja feliz e goze muito!

Enfim, meus queridos, espero ter contribuído para que mais e mais homens e mulheres encontrem as fontes de prazer que a inversão proporciona.

Um beijo

LV