quarta-feira, 10 de junho de 2009

Conto da lua cheia de inverno


Era meia-noite. A lua estava cheia. Sentada em seu divã, a menina má tomava seu Syrah no copo delicadamente marcado pelo batom rosa pink. Do divã ela podia avistar a lua, parcialmente enuveada pela noite fria. Sentia calafrios pelo corpo. A sensação era de algo estranho, não explicável, não paupável; agressivo, ardente. Inebriada pelo vinho e pelas lembranças, Morfeu a tomou pelos braços.

- Disseste que viria até a mim e me faz vir até você? Perguntava um tanto confusa nas próprias afirmações.

O cenário era quente e perturbador. Nas mãos, o velho chicote vermelho. No rosto, lágrimas de angústia e tesão reprimido.
Um estalo. Dois estalos. Três estalos e lá estava ele de joelhos, implorando o seu perdão. Não era possível ver seu rosto, talvez pelo temores de sua própria alma e os caminhos tortuosos trilhados sob a forma de fantasmas.

Ele lambia-lhe as botas e depois os pés. Ela o açoitava com a redenção das Rainhas e a voracidade de qualquer mulher com alma ferida.

Ciente da sua inferioridade diante daquela majestade, ergueu os olhos para ela que, num ato de maestria e compaixão, abriu sua blusa e seu sexo para que ele a beijasse. O beijo era a única forma de demonstrar alguma devoção diante do ato falho de não entendê-la enquanto ser complexo e visceral.

Com toda voracidade que lhe era pecualiar, engoliu seu líquido e tomou seus seios como se a fartura fosse algo fugaz... e assim o seria por longos dias frios até que ambos saíssem novamente dos seus delírios práticos diários e responsáveis.

Ele sabia que era raro aquele momento e queria deixá-la frágil de prazer, o suficiente para que não se encantasse com mais nenhum ser de cabelos longos - ou mesmo curtos.

A língua percorria as coxas daquela menina má e doce. O sexo pulsava e os papéis se invertiam.

- És uma puta! dizia ela
- Sim, sou a maior das vagabundas, desde que assim o seja por ti e para ti
- Ordinário é o que és, porque vem da ordem que a ti mesmo te pautas atropelando meu ser, carregando consigo a perversão
- O que mais desejo é te dar prazer
- Engana-te. O teu prazer te basta pela minha existência. O que mais desejas é provar a ti mesmo que podes sempre mais e domina a quem supõe dominar-te
- Deixa-me confuso, minha Rainha
- Que seja doce a dúvida a quem a verdade pode fazer mal. Agora me coma que é o que melhor você faz!

Ele a tomou nos braços e a amou intensamente, com furor, com ardor, com a paixão própria dos devaneios. Naquele momento, o chicote ficou na mesa de cabeceira porque ela entendeu que não teria utilidade um instrumento desprovido de sentido se o tempo e as circunstâncias não os favoreciam. Restava o prazer pela volúpia, pela simplicidade que a luxúria impõe aos amantes que se entregam aos seus desejos.

E o vinho terminou... E a lua continuou a brilhar... E o divã novamente fez-se solo dos seus venerados pés... E o delírio deu lugar a uma bela fábula...

2 comentários:

  1. Minha eterna Rainha, sei que só fala da lua quando seu enorme coração se aperta. Conte o que lhe perturba, pois saiba que sempre vou estar aqui pra te ouvir. Devoção eterna,
    Do seu Tolkien

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  2. olá Sra...

    Adorei Teu espaço,
    palavras fortes e intensas...
    um divã ...vinho,delírios luxúria...
    volúpia, desejos a lua...
    simplesmente perfeito!



    vyk aproveita para agradecer
    o carinho da visita...
    grande honra recebe-la no espaço
    que dedico ao Dono de mim...
    sinta-Se a vontade sempre...

    Saudações respeitosas

    vyk de Hägar

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