O chefe re-ensinou a receita da nona: duas gemas, duas colheres grandes de açúcar; bater numa gemada lisa e branquinha; misturar ao vinho aquecido no microondas lentamente e beber já na cama. No caminho de casa, algumas palavras sobre como aprender a viver.
Não sei se foi a lembrança, se foi o cuidado do chefe e a gentileza de me levar em casa, mas sei que funcionou. Um sono profundo me invadiu o corpo e a alma.
Havia dezenas de computadores negros numa sala escura e fria. Luzes pequenas azuis piscavam ininterruptamente e alguns lampejos vermelhos saltavam no espectro vez em quando. Um gato preto atravessa a imensa sala. No fundo, em uma das cadeiras, uma pessoa sentada e compenetrada nas imagens confusas que perpassavam a tela do computador.
Eu estava vestindo apenas uma camisola preta de um tecido fino e transparente. Conforme meus passos avançavam na direção do rapaz, o tecido "reagia" aos movimentos do corpo. Estava descalça e a certa altura o gato passou a me acompanhar.
Chegando mais perto, pude ver de quem se tratava. O comprimento e a cor dos cabelos foram suficientes para entregar a identidade do solitário nerd. Pensei que faria uma surpresa, mas ele parecia estar me monitorando. Há cerca de 10 metros, ele virou-se e levantou para me abraçar. Um longo abraço...
Eu estava um tanto ébria, não por álcool, mas por algum torpor da própria sala. Meu querido entregou-me as cordas. Num instante uma imensa parede ergueu-se em meio aos computadores. Tirei suas roupas, beijei seus cabelos e o amarrei na pilastra ultramar fosca. Manifestava uma habilidade no bondage que reside em meus sonhos, mais de fato ainda não a possuo. Os nós ficaram perfeitos, simétricos! Quanto mais eu o deixava sem escolhas, mais ele me olhava com prazer. Soltei os seus cabelos e coloquei em sua boca um lenço negro que guardava amarrado na ponta da camisola.
Com uma pequena fita, amarrei seus testículos separando delicadamente cada hemisfério. O nó final brindou a ereção e a essa altura as gotas de prazer já molhavam o chão. A cena era linda! Quisera eu saber desenhar ou pintar...
Minha única alternativa naquele momento era colocar a boca no centro do amor de meu par. Ordenei que não ejaculasse, mas me empenhei em lambê-lo e chupá-lo de todas as formas possíveis. Minha língua passeava por seu sexo, descia pelas fitinhas que cercavam suas bolas. Quando senti seu falo latejar, pressionei a base para que o gozo não fosse naquele momento. Queria mais e queria de outro jeito...
Afrouxei os nós e de alguma forma um tanto mágica e permissiva apenas nos sonhos, eu o amarrei de costas, deixando boa parte do seu corpo livre. Ainda amordaçado, tocava meu próprio sexo e dava de beber a ele em conta gotas, puxando o lenço de lado levemente. Seu prazer parecia alucinógeno. Puxei seus cabelos e eis que surge minha companheira de labuta. Vesti o strap-ons e o segurei firmemente pelos quadris. A pressão do corpo dele contra a pilastra fez minha mão que o masturbava ficar levemente esfolada. A respiração aumentava no ritmo das estocadas. As tiras da cinta me roçavam de uma forma a imitar a língua mais deliciosa que conheço.
A iminência do clímax chegou ao insuportável e a tortura perderia a graça diante de tanto tesão sincronizado. Deixando o brinde aos deuses do amor, jorrou o líquido abençoado em minhas mãos simultaneamente ao que escorreu de leve em minhas coxas.
Acordei com a mão doendo... Creio que plasmei parte da volúpia...
Se assim for, nem é tão ruim ficar doente!
Cara Lady,
ResponderExcluirImpressionante a riqueza de detalhes...
Não fosse o desfecho derradeiro fora do meu contexto, ficaria entediado de nunca ter passado por tal situação...
Meus parabéns pelo belo relato, uma delícia pra quem sorve cada linha.
delicioso, envolvente e moderno. Tecnologia e BDSM são coisas bastante distantes, que ficaram harmoniosas neste.
ResponderExcluire temos que admitir que na receita da nona, não se esquentava o vinho no microondas :)
Tremenda criatividade e riqueza de detalhes me fizeram entrar dentro desse conto. Parabéns
ResponderExcluirfiel