sábado, 4 de julho de 2009

Doce vampiro


Era como uma sombra na noite fria e vazia. O sono estava abraçando todo o corpo cansado e curioso dela. Já sem expectativas, o telefone toca.

- Ainda me esperas?
- Na verdade estava entregando as vistas...
- Estou em frente à tua casa. Me permites subir?
- Venha

Todo sombrio, semblante e roupas, cabelos presos, mas o mesmo olhar ingênuo de quem imagina que todas as questões estão encerradas na vida aos 21 anos. Sua altivez sempre a comoveu, desde o dia em que cruzaram os olhares naquela tarde despretenciosa.

Mas ontem foi diferente. Ele veio disposto a se deixar conhecer, tanto em suas fragilidades, em seus medos, quanto nas suas virtudes mais secretas. Assim como Lestat se embrenharia na calma de uma noite sensual, ele penetrou na sua vida com uma exposição quase pornográfica.

Cantou, dançou, recitou e fumou. Se permitiu ficar embebido e embriagado com os muitos goles de cerveja e o discurso erótico provocador da rubra ameaçadora.

- Tenho medo de ti, mas anseio por tê-la de forma mais íntima
- O medo faz parte do desconhecido

Uma pirâmide de alumínio, seda e cinzas de cigarro e fumo, música, desenhos, conversas, provocações e diplomacia. Apenas os olhos eram certeiros e coerentes.

Sim, agora eu tenho certeza. Ele fechou o back, soltou os cabelos, deu longas baforadas e me olhou por vários segundos eternos. A concretude nem foi pela doçura dos lábios, mas pela fragilidade que se fez em meu colo e no discurso quase perfeito, denunciando a entrega...

- No fim é o que todos nós queremos: fazer sexo e encontrar o prazer mais básico
- Todo o resto se torna dispensável, meu caro

E assim foi...

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