Parece que um véu escondeu este conto dos meus olhos por todos estes meses, mas agora eu o reproduzo cheia de mim, do fundo do meu coração... By Jonatan Strange
Devia ser agosto, quase setembro, não lembro. Ela era um heterônimo, uma distorção da própria volúpia. Avisou, sem muito explicar, que estaria de branco, cheia de odores do mundo e de outros lugares. Não foi difícil entender do que se tratava. Sexta-feira, lua alta, cheiros de arruda e cachimbo. Quem é de banda, é de banda. Quem não é...
Cabelo vermelho, olhos claros e pele extremamente branca. De tímida, passava longe, mas reparei o como media as palavras, os gestos e a postura. Laura, Wanda, ou seja lá qual for o nome dela, ela era apenas desejo.
Busquei ela num lugar que eu bem conhecia, ou talvez o lugar me conhecesse. Várias esquinas e encruzilhadas que dão em lugar algum. Entrou no carro. Beijo na face e sorriso de canto. Ela indica o caminho do seu apartamento. Subimos. Ela pede para tomar um banho e me oferece a sua cama. Eu sento, zapeio os canais da TV. Pornô, pornô, pornô, futebol, noticiário. Pornô e mais pornô. Parece até programação de motel. Sugestivo.
Ela sai do banho, toalha enrolada no corpo e outra no cabelo. Vi a toalha de cima manchada, tinta no cabelo.
- É, sempre acabo manchando as coisas com o cabelo.
Senta do meu lado, e sem a mínima cerimônia confere o volume da minha calça. Curta e determinada. Mostrou a que veio. Se aproxima, beijo no pescoço. Em contraponto, misturo minha mão esquerda em seus cabelos molhados. Puxo um tanto, afastando o rosto para um tapa. Mal armei a mão, e ela já solta sem respirar.
- Não gosto de tapa na cara. É uma total falta de respeito para mim.
Menos alguns graus no ângulo da minha ereção. Eu realmente gosto de dar tapas na cara. Não é a dor, e sim o ataque moral. Romper a fronte, simples assim.
O mesmo problema, corpos novos são sempre estranhos. Mesmo que o tesão seja extremamente alto, gozar não é objetivo do primeiro coito. É sempre conhecer a intensidade do outro, os gemidos e movimentos. Primeiras fodas são quase artificiais.
Depois de algum suor, perguntei se podia me dar de beber. O de fumar, eu já tinha. Fui na sala e olhei a mesa. Ferro, linda, muito bem trabalhada. Devia ser um tanto pesada. As cadeiras eram no mesmo estilo. Sentei, pedi fogo. Ela não se importou que eu fumasse. Falei o quanto era novo o maldito vício. Olhei para o vaso de flores na mesa. Gérberas muito bonitas.
- São as minhas preferidas - disse ela.
Naquele momento tive um grande dejà-vu, sabendo que tantos outros momentos como aquele eu teria.
Tão perfeito que dá pra se imaginar um voyeur assistindo a tudo sem controle remoto
ResponderExcluirBeijos
ACM :)