quarta-feira, 3 de março de 2010
Indiretas comportadas
Dizem que encontros casuais produzem as mais arrebatadoras paixões. Está nos filmes, na literatura e no empirismo coletivo.
O primeiro encontro foi casual. O que ela queria era apenas jogar conversa fora com amigos e conhecer mais um do meio BDSM considerado 'legal' por sua parceira domme, corroborando sua luta diária para tirar o pessoal do armário. Ok, ok. Foi ótimo. Muitas risadas e conversa animada, regada a cerveja e batata frita.
Uma afinidade muito sutil pode ser percebida por alguns e passou na mesmice por outros.
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Dias de trovão. A vida dela vira de cabeça para baixo, sem aviso prévio, sem lutas, sem surpresas. Porém, que seja doce a dúvida e quem a verdade faz mal. Era o que todos esperavam... Resultado: portas abertas para o novo!
Ele se ofereceu para fazer algo por ela que levantasse seu astral. Ela propos, sem segundas intenções, que fossem dar uma volta e comer alguma coisa. Solícito, ele concordou e a buscou pontualmente, com todo o cavalheirismo e cordialidade que um gentleman sabe ter.
Nas entrelinhas, a submissão.
- Queres ir aonde?
- Dê mais uma volta e escolheremos
Mais alguns quilômetros e ela escolheu um restaurante japonês, saudosa dos sabores nipônicos há tempos experimentados e vividos. Sentaram-se. Comeram. Beberam. Conversaram. Indiretas comportadas eram expostas de forma natural em meio a olhares taciturnos. Ele entendeu. Ela desejou. Ele também.
Ambos se portaram como dois novos amigos com muita afinidade, respeitando a proposta inicial do encontro. Porém, acessórios são uma doce armadilha para um fetichista. No caso, dois. Além do couro dos bancos do carro, que sempre despertam lascívia nos praticantes do BDSM, ele havia comprado 'a coleira', junto com as cordas que há tanto ansiava que fossem usadas em seu corpo. Talvez a consciência o tivesse traído e, lá no fundo, ele havia feito de propósito, prevendo sua luxúria.
Ao colocar a coleira no pescoço dele, a perfeição impensada das medidas contribuiu para que todas as convenções fossem quebradas. Encaixou a guia e o puxou para si num beijo cheio de tesão.
E aquele cheiro que só nosso detector de feromônios reconhece se fez presente, pleno e saudoso por dias mais alegres. Misto de nostalgia e esperança. E seu chicote ganharia plenitude novamente.
Estava selada a união mais sublime entre duas pessoas: a que congrega a química, admiração, afinidade e uma mesma busca...
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Grande texto. Perfeito até nas entrelinhas...
ResponderExcluirBeijos
Lindo, lindo mesmo...
ResponderExcluirBeijos...
Belíssimo relato cara Lady, muito bom gosto e de alto nível. Aliás não só este mas os demais que li. Aprecio muito escritos inteligentes e sem vulgaridade.
ResponderExcluirAproveito a oportunidade de convidá-la a conhecer o site de meu Mestre www.mestreka.com e se for de seu interesse Senhora, peço-lhe e o siga e também o nosso blog, presente que nos deu. http://reinodeka.blogspot.com/
E caso nos permite também estaremos seguindo o da Senhora. Nos sentiremos muito honrados com sua visita.
Temos em um amigo em comum que eu e o Mestre temos muito apreço, o Senhor ACM do Rio. Tivemos a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente, assim como o seu trabalho.
Com meus respeitos,
kalía * K@ *