domingo, 18 de outubro de 2009

Por que os homens amam as mulheres poderosas?***


Well, terminei de ler o meu último presente literário com toda a atenção do mundo por dois principais motivos: porque foi presente de alguém que amo; porque é da editora Sextante, a qual respeito muito em termos de seleção de originais.

A capa é instigante - uma perna feminina calçada em uma bota de dominatrix e um homem pequenino com uma flor oferecendo àquela mulher "gigante".

Abaixo do título a frase de auto-ajuda "Um guia para você deixar de ser boazinha e se tornar irresistível". Ok, ok, odeio livros de auto-ajuda e muito menos manuais que se propõem a dar 'receitas de bolo' para o que quer que seja. Mas acredito que um livro cumpre sua função quando atinge seu objetivo. Neste caso, o livro cumpriu porque me fez refletir sobre as minhas atitudes, herdadas ou não, erradas ou não, que pretendo valorizar e descartar.

Resumindo bem a proposta do livro, a autora Sherry Argov baseia o texto numa pesquisa realizada com centenas de homens. Segundo Sherry, 90% deles, abertamente ou não, dizem preferir as poderosas. Ela define o que é uma mulher boazinha e o que é uma mulher poderosa. Ainda segundo a autora, nenhum de nós veste apenas uma dessas personagens e sim dá prioridade a algumas características que nos tornam atraentes ou não, ou seja, poderosas ou boazinhas demais.

Enfim, tirando todo o blá blá blá, dividido em princípios de atração, ela tem razão em muita coisa. É óbvio? Infelizmente não. E sabe por quê? Porque os homens têm uma imensa dificuldade em ser claros conosco. Mesmo quando damos todas as oportunidades e nos portamos com total transparência, parece que há um botãozinho de liga-desliga que os impede de serem totalmente honestos. A maioria, na minha experiência modesta, pensa que se assim agirem serão mal interpretados ou causarão discussões desnecessárias. Pois novamente eu digo: ERRADO!

Realmente ocultando algumas verdades ou intenções, é possível evitar discussões momentâneas, mas com certeza essa "omissão da verdade" gerará outras discussões maiores e mais profundas em médio e longo prazo, e para algumas mulheres, com dores e desculpas irreversíveis.

Mas este post não é sobre homens e sim sobre nós, mulheres. Minha crítica vai justamente no oposto que ela cria entre boazinha e poderosa. Não vejo como pólos opostos e sim como complementares. A mulher desintetressante, para mim, é a otária! Ok ok, ela não poderia usar este termo num livro... Então vou tentar exemplificar meu raciocínio:

"As garotas boazinhas precisam aprender algo que as poderosas já sabem. As concessões excessivas e a ânsia de agradar diminuem o respeito que o homem tem pela mulher e acabam com a atração que inicialmente os aproximou.[...] Os homens, em geral, não se sentem desafiados quando se vêem diante de uma mulher que não mede sacrifícios para conquistá-los. Elas não oferecem o desafio mental que os homens procuram".

Traduzindo, queridas, é o velho ditado que diz que homem é como chiclete: quanto mais pisamos, mais ele gruda! A minha pergunta é "até quando vamos ter que nos relacionar com pessoas imaturas que precisam de 'mistérios' disfarçados de grosserias e dissimulações ou de joguinhos com 'moeda de troca' para manter uma relação duradoura"?

E sem essa conversa de "desafio mental"... Ser interessante, então, é ser previsível no sentido de sempre estar escondendo algo? Me desculpem, mas eu discordo! Assim como muitas mulheres porretas que vivem por aí, eu me basto, me amo, adoro minha própria companhia, sou inteligente, me sinto bonita apesar dos meus quilos a mais, e nem por isso me envergonho de demonstrar que estou triste ou que fracassei em algo. Dissimulação passa longe de atração pra mim. Pode até funcionar num primeiro momento ou para cabeças-de-ovo-choco, mas este definitivamente não é o tipo de homem que quero atrair! Além do mais, carência é algo comum que todos passam. O que é patológico é a carência PERMANENTE.

Portanto, fazer um agradinho a quem se ama, ser carinhosa, demonstrar os sentimentos (inclusive o ciúme e as emoções negativas) e ser transparente é um estilo de vida que tem um preço alto, porém garanto a vocês que é muito gratificante. Sei que quem se aproxima de mim o faz porque realmente valoriza a minha essência. Pode não ter surpresas constantes nas minhas reações, nos meus comportamentos oscilantes - de lua -, mas com certeza terá surpresas muito mais interessantes entre quatro paredes...

Sabe quem é a mulher poderosa para mim? Aquela que se valoriza! Que pode amar muito a alguém, mas que se ama em primeiro lugar. Essa jamais vai permitir que seu homem a fira de forma a violentar sua dignidade e seu amor-próprio e, se isso acontecer, o eliminará da sua vida. No mais, cada pessoa é diferente e todos nós, fatalmente, um dia magoaremos quem amamos e seremos magoados por eles... É a vida. Se fôssemos todos iguais na maneira de agir, não teríamos nenhuma graça para o outro. Deixar de melindres e buscar o equilíbrio diante dessas interpéries é o desafio dos relacionamentos que se baseiam no hedonismo e na liberdade!

Não me sinto menos forte por ter momentos de carência, por sentir falta ou saudades (alguém me disse que são conceitos diferentes...) de quem me é caro, por sentir dúvidas, por nem sempre ter pensamentos bons, por agir de forma pérfida às vezes, por sentir tristeza ou por me sentir fraca quando o mundo parece ter desabado. Até porque, meus caros, mulheres fortes sempre superam os infortúnios, por mais lágrimas que caiam de seus olhos e por mais despedaçados que estejam seus corações.

Discordo quando a autora diz que homens tendem a desrespeitar mulheres flexíveis. Ela poderia dizer que eles perdem o interesse por aquelas que sempre dizem sim ou que mudam suas vidas por eles constantemente. Porém, um homem inteligente sabe reconhecer que as mudanças oferecidas por uma mulher poderosa são fruto de uma conquista dele!
 
Concordo muito muito quando ela diz que a dignidade é a mais atraente de todas as qualidades e que as mulheres poderosas têm determinação e fé em si mesmas. Por fim, Clarice sempre é muito adequada: "Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente."

Ou seja, amor, se eu estou contigo é porque OPTEI por isso e aceito o pacote completo que veio contigo, ainda que muitas vezes eu proteste ou me culpe pelas pedras que estão no nosso caminho...

*** Post originalmente publicado no blog Delírios Diários

5 comentários:

  1. de quem será que ela ganhou esse livrinho !!!
    =)

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  2. Olá, querida Mistress acompanho seu blog, e postei algo sobre esse livro (que não li), mas que me fez pensar sobre as mulheres poderosas que me influenciaram na infância. Agora já tenho uma boa noção do livro, mas são coisas que já sabemos, um autor disse uma vez que livro bom é aquele que ao final vc diz "putz é isso mesmo" então, se postou é pq tem valor, vou procurar pra ler rs
    bjs
    parabéns pelo post
    →Ġï←

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  3. Já aproveitando rs seu ultimo parágrafo no qual cita Clarice, vou deixar a dica de um filme que fala sobre o pacote dos relacionamentos chama-se Brilho Eterno de uma mente sem Lembranças... vale a pena bjs de novo
    →Ġï←

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  4. Sim, eu adoro este filme!
    Obrigada por estar aqui, querida.
    Amo seu blog.
    Bjks

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